Queridos leitores,
Após 4 meses ausentes do blog, volto a postar. Uma das últimas postagens foi com a série "Saúde do professor", onde tratamos de assuntos relacionados aos profissionais da área educacional como a síndrome de Burnout e os cuidados com a voz. Agora volto com a série "Papo Sério", onde iremos discutir alguns assuntos que devem ou deveriam ser trabalhados em sala de aula.
Hoje abrimos o assunto como a homoafetividade ou homossexualidade e orientação sexual.
Todos nós sabemos que é um assunto que gera inacabáveis polêmicas e discussões, mas que ainda não sabemos como lidar com esse assunto até mesmo em sala de aula. Será que talvez podemos considerar o assunto da homossexualidade como perguntas "saias justas" que são feitas por crianças?
Quando elas nos perguntam como elas nasceram, muitas vezes nos enrolamos e chegamos até tropeçar nas palavras. O assunto da reprodução humana, algo muito natural a ser discutido em sala de aula é considerado um assunto normal para ser falado, mas mesmo assim torna-se difícil de transmitir a informação quando trata-se de criança. Primeiramente lembro a vocês que a criança é um ser humano em fase de desenvolvimento e com isso faz com que a curiosidade seja sua formação e relação com o mundo que está passando a conhecer melhor. Entretanto, o mundo que ela está conhecendo está passando por diversas mudanças e nada pode fazer com que impeçamos a ela de conviver com essas mudanças. Uma dessas mudanças podemos dizer que é a homossexualidade.
O amor ou a relação entre o mesmo sexo não é algo novo ou que surgiu nesse instante; somente ganhou forças recentemente, levando a sociedade a uma nova visão e reflexão. Quando conversamos o assunto com amigos, pessoas diversas o assunto é tranquilo de ser levado e as opiniões ouvidas. Mas quando vamos tratar disso com filhos e alunos, como devemos conduzir? Qual a melhor maneira de informa-los? Também pode ser um pouco complicado da mesma forma que é falar sobre como eles nasceram.
Anteriormente, falei que que a criança é um ser em desenvolvimento. E quando falo em desenvolvimento, podemos considerar também sua orientação sexual está em desenvolvimento. Há um assunto estudado na Sociologia da Educação que é "a construção do gênero na sociedade", que é quando a criança passa construir uma afeição, uma interação com aquilo que mais agrada. Um simples exemplo é quando a sociedade determina que futebol é para meninas e amarelinha para meninas. Mas se ocorrer o oposto, tenho que repreender, dizer que é errado? A construção do gênero é algo que pode interferir ou não na orientação sexual. Essa questão é relativa. Não podemos desde a infância definir a orientação da criança.
E como a escola deve conduzir a questão da homossexualidade e da orientação sexual? Isso é assunto de intermináveis debates. Há algum tempo atrás, o governo de São Paulo estava produzindo materiais que eram denominados de "kit gay", onde havia cartilhas educadoras explicando sobre a relação homossexual, entre outros assuntos relacionados à sexualidade, porém foi vetado por políticos seguidos de críticas e também algumas discriminações. Em paralelo ao veto que ocorreu no Brasil, vemos uma outra realidade na Alemanha. Existe um livro ilustrado em que conta a história de um menino de pais separados em que o pai tem um parceiro e essa criança convive com eles. De uma maneira sútil, a mãe explica que "a homossexualidade é apenas um outro tipo de amor". Vemos que em nenhum momento a mãe sente-se frustrada por ser "trocada" por outro homem e nem pelo filho conviver com o casal, mas demonstra uma outra maneira de amor.
Podemos perceber que devemos sempre procurar maneiras de falar sobre o assunto, nunca repreendendo atos ou práticas que, inicialmente, julgamos errados a uma criança. Há muitas maneiras de definir a homossexualidade, uma delas poder ser um amor diferente.
Para ver o livro infantil alemão, clique aqui.
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