terça-feira, 12 de abril de 2011

Olhe para mim, professora!

Sabe, eu sou aquela criança que senta num cantinho qualquer da sala de aula, de roupinhas velhas, rostinho feio e sem graça, cabelo sem brilho e quase não fala.
Sabe... Eu sou aquela criança que nunca traz uma merenda gostosa para poder lhe dar um pedacinho, aquela criança que não lhe dá desenhos bonitos porque só tem lápis preto para colorir.
Sabe... Eu sou aquela criança que muitas vezes traz o tema mal feito, porque a mesa lá de casa é um caixote de madeira que sacode todo quando a gente escreve; aquela criança que a senhora nem nota, que nunca chega perto porque não tem cheirinho de perfume. Sou aquela criança que a senhora reclama sempre que não é como as outras; aquela que lhe traz com carinho uma flor murcha, que a senhora finge que gosta, mas acaba esquecendo sobre a mesa, Sou enfim, professora, aquela criança que gostaria de ser como as outras, mas que não é; que gostaria de receber um sorriso, mas que não recebe; que gostaria de lhe dar flores bem lindas para que a senhora se orgulhasse de mim como você gosta das outras crianças, preste atenção em mim, não me vire as costas, acredite em mim.
Porque eu amo a senhora. Porque eu queria ser importante pra senhora. Porque eu sou aquela criança feinha e sem graça, que senta num cantinho qualquer da sala de aula e que, se a senhora tiver um tempinho para prestar atenção em mim, verá em meus olhos muito brilho de esperança de uma chance para poder lhe dizer: olhe pra mim professora, preciso de você!


Fonte: Professores Facilitadores de Linhares - ES


Este texto é de uma riqueza simples, mas de um valor enorme no magistério. Nós professores precisamos ampliar nossos horizontes no local de trabalho e refletirmos sobre esse texto que representa uma criança carente, sem carinho, amor e que perde a atenção na sala de aula e apenas precisa de um simples olhar para se ver a esperança.

Um comentário:

  1. Luiz Henrique, fico feliz com a publicação e me apresento, como autora: Antonieta Pepe Nakamura, Pedagoga, Psicóloga, Doutora em Psicologia Social pela Universidade de Santiago de Compostela- USC - Espanha.
    Texto escrito em Julho de 1981, quando era Vice-Diretora da Escola Estadual Dr. Miguel Pezzi Pepe em Sapucaia do Sul/RS – Publicado na ZH, Diário de Canoas, TCC de Pedagogia - Unisinos (1981), Publicado na Internert e declamado em diversos eventos e Escolas da Rede Pública). Muito obrigada pela publicação!

    ResponderExcluir